Notícia -A A +A

Cientistas produzem células de bactéria intestinal que dispersam ondas sonoras

Autores do estudo dizem que pode demorar anos até que a técnica seja utilizada em humanos

Cientistas produziram pela primeira vez células de bactéria do intestino, capazes de dispersar ondas sonoras, com uma técnica que, creem, poderá permitir aos médicos tratarem de forma direcionada doenças ou tumores, foi divulgado esta quarta-feira [3 de janeiro de 2018].

Os autores do trabalho, a publicar na quinta-feira [4 de janeiro de 2018] pela revista científica Nature, ressalvam que demorará anos para que a técnica seja usada em humanos.

Na prática, segundo os cientistas do Instituto Tecnológico da Califórnia, nos EUA, que desenvolveram a técnica de engenharia genética, os médicos poderão vir no futuro a injetar uma bactéria intestinal, produzida em laboratório, no corpo de um doente e usarem dispositivos de ultrassom para a visualizar e localizar.

A bactéria seria uma espécie de submarino equipado com um sonar, aparelho de navegação que funciona como um radar, embora use ultrassons (sons com uma frequência superior à que o ouvido humano pode alcançar) para identificar e localizar objetos submersos.

No estudo, a equipa de cientistas produziu em laboratório a bactéria intestinal "Escherichia coli", utilizada na terapêutica microbiana, que pôde ser visualizada e localizada no intestino de ratos através de ultrassons.

Na experiência, os investigadores demonstraram que vesículas de gás - estruturas de células - podem ser visualizadas com ultrassom no intestino e em outros tecidos de ratos, de acordo com um comunicado do Instituto Tecnológico da Califórnia.

Um dos desafios foi transferir a maquinaria genética envolvida nestas estruturas celulares para a E. coli para que esta pudesse produzir estas vesículas.

Para tal, os cientistas usaram genes isolados de duas outras bactérias, a "Aphanizomenon flos-aquae", que vive em meios aquáticos, e a "Bacillus megaterium", utilizada como inoculante do solo na agricultura e na horticultura.

Os genes das vesículas de gás codificam proteínas que funcionam como tijolos ou guindastes na construção da componente final das vesículas - pequenos 'sacos' no interior das células que podem armazenar substâncias.

Fonte:Diário de Notícias 
Acedido a: 14 Janeiro 2018
Revisão: Drª Ana Freitas